O recente escândalo envolvendo a marca de luxo Tania Bulhões serve como um alerta significativo sobre os riscos associados à inserção em cadeias de produção internacionais, mesmo para negócios que operam predominantemente no mercado brasileiro.
Nas últimas semanas, a marca brasileira de artigos de luxo para casa foi obrigada a lidar com as consequências de problemas em sua rede de fornecimento. O imbróglio teve início com um vídeo no TikTok, no qual uma influenciadora, em visita à Tailândia, encontra uma xícara idêntica à da grife brasileira. O post causou frenesi nas redes sociais, e o público passou a questionar a qualidade e a autenticidade dos produtos comercializados pela marca.
A polêmica gerou desafios custosos para Tania Bulhões, que foram respondidos com uma força-tarefa anticrise. Medidas anunciadas pelo grupo incluem:
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A descontinuação de algumas coleções, incluindo a linha Marquesa, diretamente envolvida na controvérsia.
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A possibilidade de devolução dos produtos adquiridos pelos consumidores afetados pela polêmica. A empresa afirmou que os clientes que se sentiram prejudicados poderiam entrar em contato para solicitar a devolução e o reembolso, buscando minimizar o impacto da crise na relação com seus consumidores.
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O compromisso de reforçar a produção própria, internalizando mais etapas da produção para garantir maior controle sobre a qualidade e a exclusividade dos produtos.
Esse episódio lança luz sobre a importância da vigilância constante nas redes de fornecimento, inclusive para negócios que comercializam seus produtos apenas no mercado brasileiro.
Empresas inseridas em cadeias de produção internacionalizadas enfrentam riscos significativos, como falta de controle sobre a qualidade dos produtos, vulnerabilidade a desvios de contratos por parte dos fornecedores e exposição a práticas comerciais que podem comprometer a reputação da marca. Além disso, a dependência de terceiros para a fabricação pode levar a desafios logísticos e de compliance, colocando em risco a credibilidade da empresa perante o consumidor.
É bem verdade que marcas de luxo precisam apresentar rigor maior nos controles de qualidade e de marca, já que parte de seu valor agregado está atrelado ao sentimento de exclusividade. De qualquer forma, o ataque direto à reputação e à imagem de uma marca de produtos elegantes e de qualidade acende um alerta: o controle da cadeia de produção não é um desafio apenas para grandes empresas, mas para qualquer comerciante que dependa de fornecedores externos.
A assinatura de contratos é essencial para delinear os compromissos das empresas envolvidas na venda dos produtos. As condições de revenda podem ser combinadas de antemão, bem como a possibilidade – ou não – de uso dos modelos, design e figuras compartilhadas entre as empresas. O ordenamento jurídico brasileiro e internacional dispõe de um regime robusto de direitos de propriedade intelectual que regula tais relações, garantindo maior previsibilidade e segurança aos negócios.
O caso Tania Bulhões ilustra como o acompanhamento das operações por um advogado capacitado é essencial para garantir o cumprimento adequado do sistema de controle de qualidade adotado pela marca e antever problemas futuros.